segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Enquanto a Lua Derrama o Anoitecer, Dormem Odes de Lamentos Tantos Enebriados pela Luz


Nao, ela nao me conhece
Talvez tenha me visto em papel ou numa tela
Mas jamais me encontrou
Nao a mim

Nao, eu nao a conheco
Nem mesmo vi sua imagem em papel ou tela
Jamais a encotrei
Nao a ela

O que ela conhece sobre mim é nada mais que um eco de sons inaudíveis
O que ela sabe nao passa de um nao-saber, um nem-sequer-imaginar

Separadas pela geografia, pela historia e pela metafísica
Seguimos caminhos distintos que jamais se cruzam
Sem nem ao menos serem paralelos
Sao apenas caminhos, nem opostos, nem convergentes
Caminhos distintos para o desencontro infinito

Quisera ela saber quem sou, dizer-me sua verdade toda
Quisera ela ouvir minha voz, nao mais o eco do nao-dito
Mas eu nao quero, apenas lamento o enredo que a engana e engoda
Mas mais nao posso alem do lamento

Talvez possa apenas acrescentar a este, uma esperanca
A de que ela jamais caia no laco ou morda a isca
Que ela escute as pausas do eco e os gritos do silencio
E alcance sabedoria para nao se fazer presa facil
Da noite enluarada daquele porto remoto

E se ela por um acaso do Destino me ouvir a mim
Que domine a mestria do calar da noite
Do sussurrar do vento
Do silenciar da montanha



(Desculpem-me, mas voltei sem acentos e outros sinais latinos)

Um comentário:

Câmara disse...

Que bom que vc voltou! E muitíssimo bem! Lindo esse poema. Parabéns!