Na minha meninice havia um caderno.
Era um caderno tamanho A4, espiral de arame e páginas azuis
Dentro do caderno havia um tesouro
A letra perfeitamente traçada, redonda e lindamente desenhada
A letra da minha irmã
As páginas azuis tão bem cuidadas, a forma metódica e limpa com que aquelas anotações tinham sido feitas
Eram quase um mito pra mim
Aquele caderno usado e desatualizado, caderno do ano passado,
E por isso mesmo por mim herdado,
Servia-me de inspiração, estímulo e modelo.
Minha ingenuidade de menina dava-me esperanças de um dia ter uma letra tão linda
E um caderno tão admirável.
Movida por esse desejo, muitas vezes pus-me a desenhar aquela letra – sob os protestos da minha mãe – imitando o traço, imitando cada curva, cada volta geometricamente perfeita.
Foi nesse tempo que minha própria letra transformou-se em um desastre, um caos – confirmando as previsões da minha mãe.
Minha metra havia se perdido de mim, talvez fugiu chateada com meu descaso com ela.
Perdi-me entre o desejo de beleza que a caligrafia derramada no papel azul me instigava e a minha própria, de aprendiz de mim mesma.
Meu traçado tornou-se conflituoso e não se podia achar em minha escrita nem a beleza desejada
Nem a minha verdadeira identidade
O tempo encarregou-se de me revelar a beleza que havia no meu jeito de escrever.
Encarregou-se também de me mostrar os caminhos a que me levavam o meu próprio traço.
Nos dias de hoje ando novamente em busca da minha marca, naquilo que escrevo.
Habitando os labirintos da escrita numa segunda língua, muitas são as vezes que perco de vista todo o nexo e sinto uma saudade enorme da beleza.
Em horas assim, procuro dentro de mim aquelas páginas azuis.
Aquela inspiração arredondada, geométrica, nascida da perfeição da letra da minha irmã.
Mergulho fundo em meu coração e vou buscar meu lindo caderno azul, para assim escapar do caos.
Era um caderno tamanho A4, espiral de arame e páginas azuis
Dentro do caderno havia um tesouro
A letra perfeitamente traçada, redonda e lindamente desenhada
A letra da minha irmã
As páginas azuis tão bem cuidadas, a forma metódica e limpa com que aquelas anotações tinham sido feitas
Eram quase um mito pra mim
Aquele caderno usado e desatualizado, caderno do ano passado,
E por isso mesmo por mim herdado,
Servia-me de inspiração, estímulo e modelo.
Minha ingenuidade de menina dava-me esperanças de um dia ter uma letra tão linda
E um caderno tão admirável.
Movida por esse desejo, muitas vezes pus-me a desenhar aquela letra – sob os protestos da minha mãe – imitando o traço, imitando cada curva, cada volta geometricamente perfeita.
Foi nesse tempo que minha própria letra transformou-se em um desastre, um caos – confirmando as previsões da minha mãe.
Minha metra havia se perdido de mim, talvez fugiu chateada com meu descaso com ela.
Perdi-me entre o desejo de beleza que a caligrafia derramada no papel azul me instigava e a minha própria, de aprendiz de mim mesma.
Meu traçado tornou-se conflituoso e não se podia achar em minha escrita nem a beleza desejada
Nem a minha verdadeira identidade
O tempo encarregou-se de me revelar a beleza que havia no meu jeito de escrever.
Encarregou-se também de me mostrar os caminhos a que me levavam o meu próprio traço.
Nos dias de hoje ando novamente em busca da minha marca, naquilo que escrevo.
Habitando os labirintos da escrita numa segunda língua, muitas são as vezes que perco de vista todo o nexo e sinto uma saudade enorme da beleza.
Em horas assim, procuro dentro de mim aquelas páginas azuis.
Aquela inspiração arredondada, geométrica, nascida da perfeição da letra da minha irmã.
Mergulho fundo em meu coração e vou buscar meu lindo caderno azul, para assim escapar do caos.
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