Houve um tempo em que o inverno era para mim um enorme obstáculo, que levava penosos meses a ultrapassar. Não conseguia entender quando ouvia ingleses dizerem que não suportariam viver numa terra em que fosse verão o ano todo. Logo eu que tinha vindo da terra da luz, banhada de sol praticamente todos os dias do ano.
Mas desde que meu filho nasceu, a chegada da primavera passou a dar todo o sentido ao inverno pesado. Os primeiros dias de sol acenam com a promessa de vida renovada. Os primeiros dias em que os casacos podem ficar pendurados em casa dizem-nos que uma nova etapa se inicia e o corpo parece implorar por roupas leves, coloridas, alegres. Feliz ano novo! A primavera deveria marcar o começo do ano. Na verdade ela é, ainda que o calendário gregoriano discorde do calendário vital.
A primavera por aqui vem sempre com certa timidez. Alguns dias deixa que o inverno pegue carona em sua bondade e faz frio, sopra gelado, chove morosamente. Mas aos poucos ela reconhece-se dona do tempo, e reinvindica seu direito de florir sossegada, banhada de sol e luz. Isso acontece exatamente quando o verão já lhe bate de leve à porta dizendo: estou chegando!
E que ele venha, que traga ainda mais luz, mais calor, sorvetes, passeios no parque, crianças criançando sobre a grama verdinha (e não úmida), e uma sede de viver cada dia intensamente, aproveitando cada mínimo raio de sol, como quem sabe que o outono está à espreita.
Como diz a canção here comes the sun…
Tulips pictured by myself on 26/04/06
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