Havia sempre uns pequenos mais matreiros e menos afeitos ao mundo da fantasia e que ao contrário dos amantes da fantasia, queriam que eu assumisse firmemente ter vestido uma roupa de mentirinha e me feito passar pela princesinha de cabelos cor de ébano. Ao contrário dos outros, estes queriam ter certeza de que estavam bem lúcidos e que não haviam embarcado nessa coisa infantile de crer na fantasia, na magia dos contos de fadas.
Não sei quem havia embarcado mais profundamente na brincadeira de imaginar, se aqueles que sabendo que se tratava de uma roupa falsa, queriam ter o direito ao sonho ou se os que haviam sonhado de forma tão intensa a ponto de precisar de uma afirmação categorica de que se tratava de uma brincadeira de faz-de-conta. Talvez quem embarcasse com mais profundidade fosse eu mesma, de modo a ter sempre aquela roupa guardada e sempre arranjar um jeito de encaixar a Branca de Neve nas comemorações da semana da criança. Aquela roupa tinha sua magia toda própria, pois havia sido confeccionada a quarto mãos, por mim e minha mãe. Durante anos guardei aquela fantasia, e algumas vezes contentava-me em emprestá-la a alguma amiga que precisava da personagem em algum evento. Até que em uma de suas andanças a bela roupa foi e não mais voltou.
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Diante da imagem da Branca de Neve ciclista, dei-me conta de que já não caibo na personagem, já não conseguiria fazer os pequenos embercarem no encanto de encontrar a princesa em carne e osso, mesmo assim, eu queria ter comigo aquele vestido, relíquia de um tempo fora do tempo, que talvez só exista dentro de mim.
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